terça-feira, 17 de agosto de 2010

Perto do final de Junho a Claudia começou a apresentar um comportamento diferente do habitual, a não querer comer, ela que sempre devorou num ápice o que lhe caía na taça, com pouca energia e apareceu com umas fezes pastosas e amareladas. Fez análises e foi-lhe detectada uma infecção intestinal.

Começou um tratamento para esse problema e melhorou… Melhorou mas, passados poucos dias, voltou a exibir os mesmos sintomas. Fez outra vez análises e voltou a acusar a infecção intestinal.

Fez um novo tratamento, agora mais forte, e voltou a melhorar. Mesmo assim, comia muito pouco. Eu ia recorrendo a todas as técnicas imagináveis para que ela comesse… Fígado de frango, peito de frango, bife de vaca, molho Bovril diluído, e lá conseguia que ela fosse petiscando alguma coisa…

Mas, entretanto, a Claudia voltou a piorar… Agora não queria comer mesmo nada! A única coisa que conseguia que, por vezes, aceitasse, era os sticks dentais da Pedigree… E comecei a notar-lhe a barriga inchada. Ao mesmo tempo, começou a ter dificuldade em subir as escadas. Fazia-o devagarinho e com manifesto cansaço…

Voltámos ao veterinário e, quando iamos sair de casa, pela primeira vez, a minha Claudia não conseguiu saltar para o banco de trás do carro… Tive que a ajudar a subir…
Mais análises e, desta vez, apesar de a infecção aparecer mais debelada, acusava problemas hepáticos.

Começou um novo tratamento mas, ao fim de 5 dias, não apresentava melhoras e a barriga estava mais inchada. Voltou a fazer análises e a infecção tinha piorado…

Como ela não estava a comer quase nada, fez umas sessões de soro, no veterinário, para a fortalecer e preparar para uma inevitável intervenção cirúrgica. Entretanto, para tentarmos perceber melhor o que poderia ser o inchaço na barriga, fui fazer-lhe uma radiografia abdominal, que se revelou inconclusiva para além da certeza de existir ali uma grande massa que não devia lá estar. Isto passou-se na 6ª feira, dia 13 de Agosto.

No sábado de manhã voltei ao vet para mostrar a radiografia e deixei lá a Claudia, até ao fim da tarde, para fazer mais uma sessão de soro, ficando a cirurgia marcada para 2ª feira.

Fui lá levá-la, às 10 da manhã, na convicção de que, fosse qual fosse a gravidade do que encontrassem, iria buscá-la ao fim do dia.

Por volta das 2 da tarde, o veterinário telefonou-me para eu tomar uma decisão… Tinha a Claudia aberta à frente dele e todos os órgãos abdominais, estômago, fígado, baço, estavam completamente minados por um cancro… Disse-me que, da forma como todos aqueles órgãos estavam afectados, era impossível que ela não estivesse em sofrimento… e aconselhou-me a fazer o que faria se a cadela fosse dele.

Fiquei uns segundos sem conseguir responder… Apesar da prostração e dos indícios dos últimos tempos, não notei que ela estivesse em sofrimento… Mas, a verdade é que a minha loirinha nunca se queixava… É normal um cão ganir quando o pisam ou o magoam de alguma forma. A Claudia não…
Tentei que ele me desse alguma esperança, a possibilidade de algum paliativo que lhe permitisse mais algum tempo com um mínimo de qualidade, mas ele foi peremptório, que não havia nada a fazer e que cada dia seria pior do que o anterior…

E, termina assim, no dia 16 de Agosto de 2010, com este capítulo extemporâneo, a história da minha Claudia, a loirinha linda e doce que um dia entrou na minha vida e me conquistou, a mim e a todos os que a conheceram, e que deixa um vazio que nunca será preenchido.























1 comentário:

  1. Ainda a acompanhei, durante um ano. Um ano muito especial que me levou a conhecer 3 cães adoráveis. que sempre me cumprimentaram com um ladrar, sendo o da claúdia sempre mais solene, sabia quando brincar quando comer ou quando olhar com aqueles grandes olhos expressivos, que tudo queriam dizer. Era feliz. O seu dono lutou por tudo para a pôr feliz. Tive o prazer de conhecer uma cadela que de certeza que vos deu muito. Porque até para mim vai ser relembrada com carinho. ass. Inês Frazão

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